domingo, 14 de dezembro de 2008

De quem é o ciúme de Bentinho?

Por Leo Leite


A pergunta que fica depois do ultimo capítulo de Capitu não é: Capitu traiu Bentinho? Nem: Ezequiel é filho de Escobar? Mas sim: de quem seria o ciúme de Bentinho?

Escobar entra na série quando conhece nosso protagonista no seminário, onde aparece dançando, característica que o diretor trouxe para o Ezequiel, o filho de Capitu, pra criar a dúvida de Bentinho. E em uma grande referência ao musical Hair, Escobar dança em cima da enorme mesa do seminário no horário da refeição. Uma mesa e um momento sagrado. Isso lembra muito a cena em que Berguer (Hair) dança na mesa da família rica, rompendo os valores da sociedade. Em Hair o personagem dança sem qualquer cuidado ou ponderação, e as pessoas em volta retiram seus pratos, velas e arranjos. Em Capitu, o personagem sobe à mesa, mas com cautela, como se rompesse valores aos poucos, devagar. Mas que valores seriam esses? Que grande afeição era aquela dos dois garotos? Seria apenas amizade? E qual foi o primeiro ciúme retratado na trama? O de Capitu!

Capitu, aliás, depois que cresceu perdeu muito da força da personagem. Não apenas pelo fato de que ela quase nunca falava, mas não tinha mais a garra da juventude. Seria isso escolha do diretor? Trouxe a imparcialidade, deixando o expectador sem saber se ela trai ou não. Mas deixa a dica de que ela não traiu e tudo era fruto da cabeça doentia de Bentinho. O ultimo capitulo veio permeado de angustias, dúvidas e um verdadeiro desenrolar psicológico, a La Machado de Assis. Um dos elementos que melhor consolidou esse dialogo, ou monologo psicológico ficou por conta da montagem. Nas narrações de Bentinho, ele começava a falar e em certos momentos sua boca parava mas as palavras continuavam e voltavam em outro corte. Como se pensamento e o ato de falar se misturassem, brilhante sacada de Luiz Fernando Carvalho.

O que falar da parte técnica? Não é de se estranhar que a fotografia, o texto e áudio estivessem brilhantes, dado os trabalhos anteriores do diretor. A trilha sonora foi uma verdadeira mistura de gêneros e gostos, dando um “que” a mais na trama. Porém as cartelas, definitivamente não agradaram. Plasticamente muito bem feitas, mas quebrava muito a linha narrativa. O cenário e o jeito trabalhado foi extasiante, ele criou milhões de composições em uma única locação: casa, rua, muro, igreja, quintal, apartamento e até um navio.

No geral a minissérie foi muito feliz no resultado final, na nova forma de contar uma estória para a TV e a mistura de linguagens. Ficamos esperando pela próximo produto do projeto quadrante. Uma pena é que as empresas não tenham interesse de patrocinar. Se não observaram apenas a Telefônica foi patrocinadora. Enquanto em jogo de futebol e outros programas menos úteis têm trocentos patrocinadores. É melhor emburrecer a população mesmo, não é?



Capitu é uma minissérie brasileira do projeto Quadrante, inspirada na obra de Machado de Assis. A direção é de Luiz Fernando Carvalho e foi originalmente exibida na Rede Globo de 9 à 13 de dezembro de 2008.


www.esferartv.blogspot.com

3 comentários:

Chris disse...

Esse texto é seu mesmo, Leo Leite? Milagre~ ;p
Nunca tinha pensado na possibilidade de Bentinho gostar da fruta... quem sabe, é complicado~ ~_~
Nem assisti a série, mas gostei do texto. :)

Leo Leite disse...

Fico muito grato pelo elogio... nesse ano que vêm vou escrever mais pro blog...
cris... vc é a melhor!!!!!!!!
bjus

Anônimo disse...

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