domingo, 5 de outubro de 2008

Um herói septuagenário

Por Leo Leite

Em junho de 1938 foi lançada a revista Action Comics, e a capa da sua edição de estréia era um homem super-forte vestido com um colante azul, sunga e capa vermelha carregando um carro verde. Assim o superman foi apresentado ao mundo, inaugurando um novo gênero que se tornaria um dos mais populares da história: os quadrinhos. Dois adolescentes judeus de Ohio (EUA), adoradores de ficção científica, criaram esse herói, eles se chamavam Jerry Siegel (roteirista) e Joe Shuster (desenhista). A primeira vez que o nome Superman foi citado, foi em 1933, em um conto de Siegel para o fanzine Science Fiction #3, era o Reino do superman: a estória de um homem que adquiria poderes e fazia mal uso deles. Os dois jovens correram atrás, por muito tempo, de alguma empresa que se interessasse pela suas estórias, foi quando a DC comics comprou os direitos do personagem por 130 dólares, na época o diretor era Harry Donenfel e o editor da revista de lançamento, Sheldon Mayer.

Vindo do distante planeta Krypton em uma nave espacial lançada pelo seu pai Jor-El (ou Jor- L em outras versões) salvando-o da destruição do planeta, Kal-El (filho das estrelas) foi encontrado por um casal de fazendeiros da cidadezinha de Smallville – Kansas, e batizado como Clark Kent. Segundo a lenda, na primeira versão Krypton fazia parte do nosso sistema solar, os garotos se inspiraram em um cinturão de asteróides localizados entre Júpiter e Marte, que, segundo cientistas da época, seria um antigo planeta que havia sido destruído. Porém na década de 70, cientistas provaram que com a força gravitacional de Júpiter seria impossível a existência de um décimo planeta naquela região. Krypton era um planeta muito parecido com a Terra mas eles tinham dois sóis, e seus habitantes eram muito mais evoluídos que os humanos. O que não quer dizer que tinham super-poderes, os poderes de Clark, na Terra, aparecem por causa da influência do sol amarelo. Os fazendeiros que encontram Kal, conhecidos como Johnatan e Martha Kent, nem sempre se chamaram assim. Em 1942, George Lowther escrevera um romance que narrava toda a origem do herói, onde seus pais adotivos se chamavam Eban e Sarah Kent, e esses nomes perduraram no seriado feito pro cinema em 1948 e no episódio piloto da série The aventures of superman. Outro fato curioso: de onde Siegel e Shuster tiraram o nome Clark Kent? Clark Kent seria o nome de solteira de Martha, sua mãe adotiva, mas originalmente, conta-se que os dois garotos de Ohio se inspiraram em Clark Gable e Kent Taylor.

Depois da adolescência, Clark passou a trabalhar no Estrela Diário, atual Planeta Diário. Lá ele conheceu Lois Lane, repórter do jornal, a única personagem presente desde o início na estória. Jimmy Olsen e Perry White, dois importantes personagens, surgiram depois, quando Superman era transmitido no rádio. Em 1945, a DC comics decide contar a origem do herói, com a revista Superboy. O jovem Clark estava desenvolvendo seus poderes e seus hormônios, apaixonado pela ruiva Lana Lang, a garota mais popular da escola. Nessa revista houve muitos erros de continuidade, mas os leitores da época não eram tão exigentes quanto os expectadores do seriado da Warner Bros, Smallville. Um desses erros era relacionado a idade de Kal-El quando fez a viagem para a Terra, algumas fontes dizem que ele era uma criança, outras que ele estava, ainda, em processo de gestação na nave. Em 1949, no rádio, foi apresentado ao público o primeiro fragmento de Krypton, a kryptonita, uma rocha vermelha (que só mais pra frente se tornou verde, como hoje é conhecida) que causaria sérios danos ao superman. Após anos essas pedras ganharam outras cores, cada cor provocaria algo diferente no viajante de Krypton.

Essa estória foi muitas vezes contada e cada um tinha sua versão, o que causou todos os erros. Richard Donner dirigiu o primeiro filme do superman para o cinema, Christopher Reeve era o próprio, Margot Kidder era Lois e Gene Hackman, Lex. Lex é um dos personagens mais bem desenvolvidos da série (gibis e seriados), porém no filme foi retratado com um gênio do mal ou um cientista maluco. Diversas versões do personagem foram criadas: com cabelo, sem cabelo, com peruca, gordo, magro, raquítico, entre outros. Já Lois Lane segue uma linha mais homogênea: corajosa, ousada e auto-suficiente. O seriado de 1994 (Lois & Clark) era mais focado no Planeta diário, o que se assemelhava muito aos gibis, mas como não havia muitos recursos tecnológicos, fatos importantes do gibi foram descartados.

Toda vez que se faz uma adaptação, seja ela literária ou histórica, surge uma fila enorme de fãs desagradados, e com todos os seriados e filmes do superman não poderia ser diferente. Muitos críticos exaltam as referências políticas (domínio dos computadores no superman III, a guerra nuclear no superman IV e a Guerra fria, época a qual superman adquire novos poderes, os que conhecemos hoje) e religiosas (superman seria o messias, Jesus Cristo?)

Em 2001 surgiu a série da WB, Smallville, que mais uma vez resolveu contar a origem da lenda, e como já era de se esperar, Smallville teve a desaprovação de muitos, por causas dos eternos erros de continuidade que assombram a lenda do superman. A série foi quem melhor retratou a figura do Lex Luthor, trazendo o mesmo para a juventude de Clark, outro ponto forte é a forma que Clark evolui como adolescente e desenvolve seus poderes. Lois Lane (Érica Durance) também cativou os expectadores, trazendo a Lois do Gibi direto para a tela da TV. Para atrair fãs de ontem e de hoje, os produtores da série investiram em uma brilhante idéia, trazer personagens importantes vividos por atores que viveram outros personagens durante os anos. Exemplos: Anette O’toole (Martha Kent) viveu Lana Lang no cinema, Chritopher Reeve encarnou o dr. Swan (personagem do gibi), Helen Slater (a supergirl do cinema) vive Lara-El, Christopher Heyerdahl (Jimmy Olsen do cinema) vive Zor-el, o irmão de Jor-El e pai de Kara; Dean Cain (superman de 1994) vive Dr. Knox, um médico que libera os infectados pelos meteros de seus poderes; Linda Carter (Mulher-maravilha) deu vida a Moira Sullivan, mãe de Chloe. Além disso a série traz para as telas, personagens antes só visto em gibis e desenhos animados, como Brainiac, Virgil Swan, Pete Ross, Morgan Edge e outros.

O que talvez seja uma unanimidade entre todos os fãs, é que o filme do Bryan Singer foi a pior referência ao superman dos últimos 70 anos, os efeitos especiais eram bons, mas cinema não se faz somente de efeitos especiais e CG. Bryan trouxe atores bem parecidos com os dos filmes anteriores, mas cometeu sérios deslizes. Exemplo: como superman teria tido um filho com Lois, se antes, no Superman II, ele abdica de seus poderes para poder fazer amor com ela? Foi ali que ela engravidou? E o bebê ficou quanto tempo na barriga dela, 30 anos?


Assistam um trecho do filme Kill Bill onde superman é citado, é um belissimo texto.

Joe Shuster (direita) nasceu em 14 de julho de 1914 e morreu em 30 de julho de 1992. Jerry Siegel (esquerda) nasceu em 17 de outubro de 1914 e morreu em 28 de janeiro de 1996. Siegel e Shuster são os criadores do Superman.

www. radiotvcac .blogspot. com

4 comentários:

Viviane de Souza disse...

Texto atraente e de suave leitura. Parabéns, "Leo Kent".

Vivi.

Eu disse...

Muito bom o texto. Gostei do vídeo no final.

Chris disse...

Ahh, o nome dele é Kal-L... entendi o K-Leo agora... xDDD
Foi um trocadilho bonzinho. :}

Dio disse...

Boa retrospectiva, o superman não é meu preferido, mas sempre admirei isso que Bill colocou no vídeo. O fato de Superman se disfarçar de Clark Kent, e não o inverso. Admiro mais ainda o Batman, que é um herói sem superpoderes, mas que no final das contas é quem comanda a Liga da Justiça. Mas meus preferidos, ainda, são o Aranha e o Ferrugem. Tony Stark é o cara. E eu não vi o filme ainda. :~~~~~~~~~~

De resto, faltaram algumas especificações no texto.
Por exemplo, a Action Comics não inaugurou as histórias em quadrinhos. Mas as comic (histórias em quadrinhos américanas) sobre super-heróis. A DC Comics, mesmo, existe mais ou menos desde 1934, quatro anos antes da estréia do homem de aço.
Outra coisa, bem pontual, mas importante pra quem lê, é especificar quem são Clark Gable e Kent Taylor, nem que seja pra colocar só que são atores, sabe?

Finalizando, concordo plenamente com as opiniões acerca de Lex, meu preferido do Gibi. No Smallville ele está certíssimo, muito bem construído e tal.

É isso. Gostei do blog, Léo. Tu usa bons recursos de imagem, texto e vídeo. Só acho que falta um pouco de links. Tipo, fontes em outros sites e tal. Mas tá massa. Gostei muito da coisa das mini-biografias no final. Ótimo recurso.
Parabéns.

Abraços,
Diogo.