domingo, 12 de outubro de 2008

Criança e Televisão no Brasil

Por Leo Leite

As gerações passam e a televisão evolui, ou será que não? Na época dos nossos pais os programas que mais faziam sucesso eram Vila Sésamo e Balão Mágico. Vila Sésamo estreou em 12 de outubro de 1972 e era exibido pela Globo e pela TV Cultura, uma parceria que se deu por falta de estúdios para gravar a série. No ano de 1974 a Globo passou a exibir sozinha o programa. Mesclava diversão, educação e humor, tinha personagens reais e bonecos, inspirado em Sesame street, programa norte americano. A estória se passava numa vila operária onde morava Garibaldo, um pássaro gigante; o Funga-funga, um elefante esquisito; que conviviam com as crianças e adultos de lá. Em 1977 os custos do programa subiram muito e o contrato com a TV americana terminou, trazendo, assim, o fim das exibições. Com o fim de Vila Sésamo a Rede Globo passou a produzir e exibir o Sitio do Picapau amarelo, inspirado na obra de Monteiro Lobato. O sitio já era sucesso desde a época da extinta TV Tupi na década de 50 onde foram 360 episódios apresentados. De 1964 até 1969 o sitio era exibido na TV cultura e depois na Bandeirantes. Durante todo o período de na Globo os personagens permaneciam sempre os mesmos mas os interpretes sempre eram trocados. Em 2001 a globo resolveu trazer o programa de volta num formato de novelinha, repaginando os personagens dando um ar mais moderno as estórias. De 1983 a 1986 o que fazia sucesso com a garotada era a turma do Balão mágico, um grupo musical de crianças que ganhou seu espaço na TV brasileira, criando diversas músicas que estão na cabeça de todos até hoje, de quem curtia a época e dos mais jovens.

Ainda nessa época, a apresentadora Xuxa tinha seu programa da Manchete, o clube da criança, programa de jogos, brincadeira e desenhos. Mas foi em 1986, quando assinou contrato com Globo, pra fazer o Xou da Xuxa, que ela consolidou sua carreira. O Xou era diário, como de costume Xuxa descia de sua nave cor-de-rosa e as crianças corriam para tomar o café da manhã com ela. No palco ficavam as paquitas, assistentes de palco da loira, as irmãs metralha e os personagens Praga e Dengue. Ela sempre passava mensagens positivas ao seu público durante a sua companhia matinal, no programa havia provas, brincadeiras, atrações musicais e os convencionais desenhos animados como He-man, She-ha e Caverna do dragão. A atração permaneceu de pé durante sete anos, e nesse período Xuxa juntou 139 discos de ouro, 52 de platina e 10 de diamante com seus sucessos. A partir de 1993 entrou no ar o TV colosso, subistituindo o Xou da Xuxa. O programa era uma metalinguagem do dia-a-dia de uma emissora de televisão comandada por cachorros. A cadela que ficou mais famosa nessa época era a produtora Priscila, mas quem não se lembra do Gilmar, Capachão, Malabi ou JF? Seguindo, ainda, a receita da rainha dos baixinhos, o programa também era mantido pelos desenhos animados entre as estórias superdivertidas, a direção era por conta de Cao Hambúrguer. Enquanto isso no SBT, duas apresentadoras loiras se destacavam: Eliana e Angélica. Angélica foi apresentadora do clube da criança e outros programas da Manchete, já era reconhecida como apresentadora infantil, depois passou para o SBT assumindo o Casa da Angélica, programa que já teve vários horários na grade, um programa de auditório, com desenhos, jogos e brincadeiras, com o tempo a loura passou a apresentar nas tardes da semana o game-show Passa ou repassa e o TV animal, ambos os programas apresentados por Gugu anteriormente e Eliana posteriormente. Muito sucesso ela fez lá, até ir para a Globo no ano de 1996. Durante isso Eliana apresentava o Bom dia e Cia, junto de seu computador Flics e do fantoche Melocoton. Sentada numa bancada ela chamava os desenhos, cantava suas músicas e ensinava as crianças a criarem seus próprios brinquedos e coisas interessantes. Ainda nesse tempo, havia a vovó Mafalda, que é considerada o primeiro travesti a apresentar um programa para crianças, o Sérgio Mallandro com seu programa, também de auditório, e a Mara Maravilha, todos dividindo a manhã do SBT. A ida de Angélica para a Globo, trouxe uma nova estética de programação para as crianças: a novelinha infantil. Ela, sozinha, segurava a manhã da Globo com o seu auditório Angel Mix, seguindo a mesma receita, que até então dava certo (desenhos – jogos – música). E a partir das 11 da manhã, as crianças acompanhavam o Caça Talentos, a estória da fada Bela, que foi do mundo mágico para o mundo real e se transformou em uma produtora de TV. O grande dilema de Bela, é que ela não era 100% fada, e se ela se apaixonasse por alguém não poderia beija-lo, caso contrário deixaria de ser fada e esqueceria toda sua vida no mundo mágico e dos seres encantados. A nova receita deu certo, e o programa rendeu 500 capitulos. Mesmo apaixonada por Arthur, Bela decidiu que continuaria sendo fada. Tentando a mesma fórmula, veio Flora encantada, onde a loirinha vivia Flora, uma garota que possuía uma bolsa mágica e protegia a floresta das maldades de Gana Ganância, com a ajuda de seus amiguinhos (bonecos e crianças), a série lançou o ator Leonardo Miggiorin. A resposta não foi tão boa quanto anteriormente. Com o tempo o Angel mix foi se transformando, e perdendo espaço (físico mesmo) e o palco se tornando cada vez menor, até a loira chegar a apresentar o programa no Chroma key. Enquanto isso o SBT exibia o TV Cruj e Chiquititas. Tv Cruj era um programa “secreto”, onde crianças se disfarçavam e iam a um clubinho super-secreto onde entravam no ar para chamar os desenhos da Disney, e Chiquititas foi considerada a primeira novela que trazia crianças como personagens principais. A novela girava em torno de um orfanato, as gravações eram feitas na argentina e durou 5 anos no ar. O formato era bem parecido com o estrangeiro “Carrossel”, que se passava numa escola, contando as aventura da professora Helena e seus alunos. Depois que todos esses programa saíram do ar, começou a decadência da produção infantil pra TV brasileira, a tentativa da retomada veio com Bambuluá, inspirada na obra “A princesa de Bambuluá” de Câmara Cascudo. Uma cidade dos sonhos que disputava território com Magush, a cidade das sombras. Mas uma vez uma novelinha da Angélica com aventuras, fantasia, magia e efeitos especiais. Durante as manhãs da Globo quem apresentava a programação eram crianças que trabalhavam na TV Globinho, a emissora da cidade, e durante a metade do programa era exibido a novelinha de 20 minutos, compilada aos sábados. Depois do último capitulo a TV Globinho continuou, transformando-se num programa de verdade, apresentado por cinco atrizes no fundo de Chroma key, no estilo Cabeça–Desenho. Como é até hoje comandado por Giovanna Tominaga, antiga assistente de palco da Angélica no Angel mix.


Leo Leite foi uma criança que gostava muito de televisão e que acompanhou a maioria dos programas citados na matéria, hoje ele é aluno de comunicação social, com habilitação em Rádio e TV na Universidade Federal de Pernambuco e um dos produtores do Cinema 11, programa da TV Universitária.


3 comentários:

Anônimo disse...

oi muito bom o texto, pena que eu não vivi esta época tão legal.texto igual a esse eu nunca vi.beijos.

Chris disse...

Magush! Esse nome eu não lembrava~ xDDD
Mas caramba, Tv Cruj! Como eu pude esquecer? Bom demaais... xDDD
E essa Flora encantada! Eu lembro que eu mesma não quis ver, fiquei com raiva que Caça talentos acabou e falei "ah, vou ver esse não, ele acabou com meu caça talentos! ò.ó" xDDD
Enfim, foi legal, foi legal... ;]

Leo Leite disse...

Quem bom que o texto, mesmo escrito nas pressas, trouxe boas recordações pra quem leu... pra quem leu e comentou no blog e pra quem comentou no msn tb... infelismente na correria a gente acaba esquecendo algusn pontos, e eu esqueci de citar os programas da cultura:castelo rá-tim-bum, cocoricó e outros... mas fica pra proxima!